27.1.08

Comércio internacional e salários - compensação para os "perdedores"?

Três artigos recentemente publicados em The New York Times abordaram o impacto do comércio internacional sobre os salários da mão de obra menos qualificada nos Estados Unidos:

Paul Krugman - Trouble with trade
Alan Blinder - Stop the world (and avoid reality)
Steven Landsburg - What to expect when you're free trading

Para Krugman e Blinder, o comércio tem contribuído para a redução dos salários daquela categoria de trabalhadores. Ambos propõem como remédio que parte da renda adicional gerada pelo comércio seja destinada a compensar os "perdedores", através da ampliação da rede de proteção social (seguro-desemprego, retreinamento de trabalhadores desempregados etc.).

Landsburg acha que este é um argumento "tosco" e não vê justificativa para uma compensação aos "perdedores".

26.1.08

Crescimento (falta de) - educação (VI)

"Entre os 34 milhões de jovens de 18 a 29 anos domiciliados nas cidades brasileiras, 21,8% têm o curso fundamental incompleto - ou seja, não concluíram a oitava série - e 2,4% são formalmente analfabetos. Os dados são da Pnad 2006. A incidência do analfabetismo e da evasão escolar difere entre Estados e regiões. Alagoas, com 46%, encabeça a lista dos que não concluíram o curso fundamental ou não foram alfabetizados, enquanto São Paulo, com 15%, exibe os resultados menos assustadores. Em termos regionais, esses jovens excluídos aparecem em maior proporção (35%) no Nordeste e menor (18%) no Sudeste".

(Informações publicadas na edição de hoje da Folha de São Paulo).

Frase do dia

"The world is a crazy place. It makes perfect sense only to conspiracy theorists and economists of a certain stripe" (William Grimes, em artigo mencionado na postagem anterior).

25.1.08

Lógica da vida

Autor de The Undercover Economist, Tim Harford está lançando nos Estados Unidos o livro The Logic of Life - Rational Economics of an Irrational World, comentado nesta resenha publicada hoje em The New York Times.

Criminalidade no Brasil (II)


Também da coluna de Eliana Cardoso, no Valor Econômico de ontem, o gráfico acima sobre a evolução da taxa de homicídio entre os jovens de 15 a 24 anos no Brasil.

Criminalidade no Brasil (I)


Da coluna de Eliana Cardoso, no Valor Econômico - edição de 24 de janeiro de 2008:
  • "Em 2004, a taxa de 27 homicídios em 100 mil habitantes no Brasil era 30 ou 40 vezes superior às taxas da Inglaterra, Alemanha, Japão e Egito. Entre os brasileiros de 15 a 24 anos, a taxa de homicídio chegou a 52 em 100 mil jovens (cem vezes superior às taxas da Áustria e Japão)".
  • "Todos nós somos capazes de crimes e respondemos a incentivos. Mas a teoria do cálculo econômico não explica porque respondemos a incentivos de forma diferente. Na população total, 92% das vítimas são do sexo masculino (97% entre os jovens). A população negra tem 73% de vítimas a mais do que a população branca (83% a mais, entre jovens). Por que os homicídios ocorrem sobretudo entre os jovens? Por que são raros entre as mulheres? Por que as vítimas negras são mais comuns?"
  • "A massa carcerária no Brasil é composta por presos pobres. Isso nos faz suspeitar que a probabilidade de ser preso é maior para o pobre. Se o cálculo econômico está correto, o crime compensa apesar do castigo, porque para o pobre sem trabalho qualquer rendimento é precioso".
  • "De uma amostra de boletins de ocorrência de homicídio examinados em São Paulo, apenas 4,6% tiveram o autor e o motivo conhecidos e registrados. E 92% dos casos de homicídio no Rio de Janeiro foram devolvidos à polícia, por falta de provas para serem julgados. Se a probabilidade de prisão é baixa, a de morrer é muita alta para o jovem. Mas nem o pior dos castigos parece reduzir o crime. Talvez o bandido seja mais propenso ao risco do que o comum dos mortais. Talvez seja míope em relação ao futuro".
  • "O crescimento da violência no Brasil é conseqüência da criminalidade organizada em torno do tráfico de drogas".
  • "A cadeia, de um lado pune, mas de outro atua como escola do crime. Presos sem antecedentes criminais deveriam ficar em liberdade com monitoramento eletrônico. Em Buenos Aires, essa modalidade de condenação parece reduzir a reincidência, que é mais comum aos que cumprem pena atrás das grades".
  • "Programas que reduzem a criminalidade agem em muitas frentes e não se resumem à construção de mais cadeias. Em Bogotá, a taxa de homicídio, que era de 80 em 100 mil habitantes em 1993, caiu para 21 em 2004, graças a um programa integrado de saúde, recuperação dos espaços públicos, bibliotecas informatizadas nos bairros pobres e aperfeiçoamento do sistema judicial".

16.1.08

Maior torcida de Minas (e de Belo Horizonte) (I)


(Veja aqui resultados da mais recente pesquisa Data Folha, realizada em dezembro de 2009).

Informações de artigo de Ricardo Correa, publicado em O Tempo - ediçao de 13 de janeiro de 2008:
"Não é de hoje que se diz que a torcida do Cruzeiro é maior do que a do Atlético em Minas Gerais. Mas uma pesquisa Data Folha, realizada em novembro, mostra que a distância entre o tamanho da parte azul e o tamanho da parte alvinegra é maior do que se podia imaginar. De acordo com a pesquisa, em torno de 29% dos mineiros, ou cerca de 5,6 milhões de pessoas, são torcedores do Cruzeiro, enquanto 18%, ou em torno de 3,5 milhões, torcem para o Atlético. Em Belo Horizonte, a diferença está na margem de erro, mas, nem mesmo em relação à capital, o Atlético pode dizer que possui mais torcedores do que o Cruzeiro. Os cruzeirenses são 38%, enquanto os atleticanos somam 34%. Como, de acordo com o IBGE, Belo Horizonte possui hoje 2,4 milhões de habitantes, os cruzeirenses seriam cerca de 912 mil e os atleticanos cerca de 816 mil".

8.1.08

Gasto do governo com juros


Informações publicadas na edição de hoje do Valor Econômico:
  • "O setor público brasileiro gastou 6,30% do Produto Interno Bruto com o pagamento de juros em 2007, o menor percentual desde os 4,61% do PIB gastos em 1997 e bem menos do que os 9,66% do PIB despendidos nos 12 meses encerrados em agosto de 2003".
  • "Numa lista de 116 países com estimativa da agência de classificação de risco Standard & Poor's, os juros como proporção do PIB só são maiores na Jamaica (13,2% do PIB), Líbano (10,5% do PIB) e Turquia (7,7% do PIB)".
  • "Os elevados gastos com juros do Brasil se devem a dois fatores. Primeiro, o país tem uma dívida pública muito elevada, ainda que em queda como proporção do PIB. Em novembro de 2007, a dívida líquida do setor público equivalia a 42,6% do PIB, bem acima da média de 31,7% do PIB dos países classificados como BB+, BB e BB- pela S&P (o rating do Brasil é BB+). O endividamento tem caído como proporção do PIB, mas continua a aumentar em termos absolutos, já que o setor público brasileiro ainda tem déficit nominal, atualmente da ordem de 2% do PIB. O outro fator é a taxa básica de juros muito alta. Se descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses, a taxa real de juros brasileira está em 6,7%".

3.1.08

Crescimento (falta de) - governo (II)

"Os gastos correntes do governo no Brasil estão muito acima dos padrões internacionais, de acordo com relatório do Programa de Comparações Internacionais (ICP), projeto coordenado pelo Banco Mundial. O ICP retirou dos gastos públicos aqueles que, como educação, saúde ou transferências, beneficiam diretamente a um indivíduo. O que resta são as despesas 'coletivas' do governo com a sua máquina burocrática: polícia, justiça, defesa etc. Quando se leva em conta apenas esses dispêndios, as sociais-democracias européias gastam relativamente pouco. Por exemplo, a Suécia emprega somente 9% do seu PIB nessas despesas coletivas. Em muitos casos, os países que exibem uma maior fração de gastos coletivos são aqueles que têm dispêndios militares importantes, como a China (20%), Israel (16%) ou Taiwan (16%). Uma exceção, infelizmente, é o Brasil, onde esses itens consomem 19% do PIB" (José Alexandre Scheinkman, Folha de São Paulo - 30 de dezembro de 2007).

"Embora o PIB brasileiro corresponda a 2,9% do PIB global, o gasto do governo na provisão de serviços públicos equivale a 5% do total mundial, segundo o ICP. Somos o décimo maior PIB, mas o quarto maior gasto. Quando consideramos apenas os países com PIB acima de US$ 100 bilhões em 2005, o Brasil é o segundo colocado em termos de gastos com relação ao PIB, perdendo somente para a China, cujo dispêndio militar é muito superior ao nosso. Na América do Sul, excetuado o Brasil, o gasto médio é 11% do PIB; no Brasil, 19% do PIB. Números assim deveriam sepultar de vez teses esdrúxulas sobre o 'raquitismo' estatal brasileiro. A má qualidade dos serviços públicos não resulta de pouco gasto, mas da baixa produtividade" (Alexandre Schwartzman, Folha de São Paulo - 26 de dezembro de 2007).

Ranking do futebol mundial (I)

A par do ranking do futebol brasileiro, objeto de uma postagem anterior, a Folha de São Paulo elabora também anualmente um ranking do futebol mundial.

Na versão 2007 deste ranking, os clubes brasileiros melhor classificados foram São Paulo (6º lugar), Santos (17º lugar), Grêmio (20º lugar) e Cruzeiro (21º lugar).

Logo depois do TP Mazembe (Congo), Alajuelense (Costa Rica), Transvaal (Suriname) e Deportivo Saprissa (Costa Rica), aparece, em 80º lugar, o CAM, time a que repetidamente temos prestado homenagem neste blog.

1.1.08

Distribuição geográfica do PIB mundial - 2005 (II) - ranking dos países


(Informações atualizadas sobre a distribuição geográfica do PIB mundial, relativas ao ano de 2008, estão disponíveis aqui).

A tabela acima mostra a participação das 10 maiores economias nacionais no PIB mundial. A fonte dos dados é o Programa de Comparações Internacionais (ICP), coordenado pelo Banco Mundial.

Os 10 países listados respondem por 64% do PIB e 56% da população mundial.

A economia americana sozinha concentra 22,5% do PIB global, apresentando uma renda per capita quase cinco vezes maior do que a média mundial.

O grupo de grandes economias desenvolvidas formado por Japão, Alemanha, Reino Unido, França e Itália tem renda per capita no intervalo entre dois terços e três quartos da renda americana.

O Brasil é, no sentido mais estrito da expressão, um país de renda média. Respondendo por 3% tanto do PIB como da população mundial, possui uma renda per capita praticamente igual à média dos 146 países pesquisados pelo ICP e equivalente a 21% da renda americana.

China e Índia, apesar de concentrarem juntas 14% do PIB mundial, são países ainda bastante pobres, com rendas per capita correspondentes a 10% e 5%, respectivamente, da renda dos Estados Unidos.