26.7.09

Investimento e déficit em conta corrente


Affonso Celso Pastore explica, em entrevista para o Valor Econômico - edição de 21 de julho, porque a aceleração do crescimento no Brasil tende a ser acompanhada por aumento no déficit em transações correntes:
  • "Superávits em conta corrente estão associados no Brasil a menor investimento, como mostra a evolução trimestral da conta corrente como proporção do PIB e da taxa de investimento (a preços de 2000), desde 1995".
  • "Para acelerar o crescimento, é preciso, portanto, aceitar déficits em conta corrente. Isto somente não ocorreria se houvesse uma elevação da poupança nacional, mas não há indicação de que a atual política econômica esteja levando a esse resultado. O Brasil poupa menos de 20% do PIB - no primeiro trimestre de 2009, apenas 11,1% do PIB. Com uma conta corrente deficitária, o país absorve poupança externa, que complementa a baixa poupança nacional".
  • "O consumo das famílias na China atualmente é de 35% do PIB, muito mais baixo do que o consumo em relação ao PIB no Brasil (superior a 60%). A China poupa 50% do PIB, o que lhe permite manter superávits na conta corrente e taxas muito elevadas de crescimento. Se o Brasil quiser seguir este modelo, terá que elevar a poupança nacional, o que significa, entre outras coisas, que o governo tem de parar de aumentar os gastos de custeio e de consumo, elevando os investimentos".